segunda-feira, 2 de abril de 2012

Encontro do dia 01/04/12

Foi a integrante Raquel Médici quem conduziu as práticas. Começamos com exercícios de respiração e de voz. Depois, desenvolvemos um estudo de imagens, muito semelhante a alguns procedimentos que o Grupo LUME utiliza para trabalhar com Mímesis Corpórea.

O estudo aconteceu da seguinte forma: Cada atriz recebeu algumas imagens para observação e análise individuais. Raquel Médici chamou a atenção para cada detalhe dessas imagens, que tinham relação com a personagem A. Depois escolhemos algumas dessas imagens para analisar com mais profundidade, gravar os traços e as sensações na memória. Algumas figuras eram fotografias de mulheres aprisionadas e outras eram quadros de Munch. A obra de Munch dialoga muito com as imagens sugeridas em O Quarto Ausente.
Em seguida, com essas imagens fixas no pensamento, foi proposto um jogo de movimentação para as atrizes. Raquel dava indicações sobre qual parte do corpo as atrizes tinham liberdade para movimentar ou não. Com ajuda de músicas, esses pequenos movimentos tornaram-se uma dança frenética, obsessiva, com algumas partes do corpo livre e outras imobilizadas, o que era completamente angustiante. Quando finalmente houve permissão para que todas as partes do corpo estivessem livres para a movimentação, a sede de liberdade acabou: Houve um desespero com tanta liberdade, alguma regra era necessária, e foi então que as atrizes retornaram às imagens dos quadros, compreendendo essas imagens com seus corpos, até que se apropriassem dos corpos dos quadros, dos corpos das fotografias, e, por fim, dos corpos de A.


Foi detectada certa alienação na prisão de A. Novamente reforçamos nossa crença de que A está presa por proteção e não por condição.


Quase todas as imagens transmitiam uma sensação de molhado, de nublado, o que tem relação direta com o vidro que não para de chorar, com a tempestade e até mesmo com o sangue azul.
A – Ela tem que voltar.
B – Ela precisa matá-lo.
A – Ela precisa me tirar daqui.
B – Eu não quero passar a vida toda esperando.
A – Quem é que iria querer passar a vida toda morrendo?

Em seguida, cada atriz criou uma resposta cênica para a seguinte pergunta: “O que é viver morrendo?“
I
Atriz: Heloísa Cardoso
Argumento: Uma pessoa corre em círculos e seus círculos vão ficando cada vez mais estreitos, até que ela começa a correr em torno de si. O movimento circular descontrolado faz com que ela bata em alguma parede que serve de impulso para que ela retorne aos círculos grandes, que vão novamente ficando estreitos e assim por diante. É um ciclo.
Impressões: É como uma procura, mas não se sabe do que e nem de quem. Uma mulher corre contra alguma coisa e é empurrada. Viver morrendo é tentar sem conseguir. É o cansaço de tentar dar passos longos e, por conta desses passos, estreitar-se em problemas que limitam o espaço, até que um empurrão dolorido amplie novamente os círculos que continuarão se estreitando eternamente.
II
Atriz: Clarissa Franchi
Argumento: Uma mulher bate em todas as janelas e portas de um espaço. Ela quer sair. Uma porta está aberta. Porém, quando ela encontra essa porta, não quer sair. Apenas fecha e continua batendo no vidro. Depois de um tempo, decide sair, mas então bate novamente no vidro, mas agora do outro lado, querendo entrar.
Impressões: Por que tentar portas fechadas se há portas abertas? Viver morrendo é se boicotar, é nunca estar satisfeito, é sentir que nunca há espaço suficiente, liberdade suficiente. É buscar o reflexo, a imagem projetada, e não as pessoas. É buscar algo que não existe. É perseguir uma sombra.

Após breve discussão sobre as duas cenas, concluímos que liberdade, prisão, proteção, alienação, boicote, água, morte, porta e cansaço são palavras-chaves para o estudo das lógicas que permeiam  A.