sexta-feira, 4 de maio de 2012

Encontro do dia 15/04/12

Foi a integrante Lia Maria quem conduziu as práticas. Antes do encontro,cada atriz já havia selecionado algumas falas que julgasse importante. Com foco nessas falas e nas personagens, fizemos outra leitura do texto.


A partir das falas e personagens selecionadas e dos estímulos sonoros, cada integrante criou uma partitura de ações (com ou sem fala). Depois tivemos um tempo para experimentar esta partitura em ritmos e intenções diferentes, enquanto as outras integrantes assistiam. As criações foram as seguintes:


I
Atriz: Camilla Martinez
Personagem escolhida: Cliente
Partitura: Soltava o cabelo e ria. Sua cabeça coçava, sua pele era tatuada. Os cabelos cobriam o rosto. Ela coçava-se e percebia algo de estranho nas próprias mãos (seria o sangue azul?). Uma figura aflita, estressada, confusa, mas nem um pouco frágil. Tatuava-se, coçava-se, era um "pedaço de carne". Tentava avançar, mas a coceira atrapalhava. Percebia o mal que fazia ao próprio corpo.


II
Atriz: Clarissa Franchi
Personagem escolhida: A
Partitura: Uma mulher sentada, morna, olhando a paisagem. Seus movimentos lentos entravam em contraste com o ritmo rápido de uma música. Deitada, a mulher arranhava o chão (e não o céu!!!), seus pés lentamente subiam pelas paredes. Uma mulher que não equilibrava o peso do próprio corpo, que usava as paredes como apoio.


III
Atriz: Heloísa Cardoso
Personagem escolhida: A
Partitura: Uma mulher enclausurada. O espaço era limitado e ela caçava, cheirava, comia (um vaga-lume?). Depois de comer limpava as mãos e percebia que a sujeira se espalhava pelo corpo. Assim, limpava as mãos, limpava as pernas, limpava  o sexo, de maneira frenética e desesperada. Até que por fim, interrompia a limpeza para confessar: "O mar inteirinho tatuado pelo corpo", e depois, concluir, em pose de soldado de exército:"Ele TEM que morrer".


IV
Atriz: Raquel Médici
Personagem escolhida: B
Partitura: Uma mulher arrumada, em uma festa. Ela enxergava pessoas a sua volta. De repente, uma dessas pessoas a possuía: A dança virava sexo. O gozo virava desespero, que virava tristeza, que virava loucura, lentidão, rejeição, alienação, solidão - cegueira, por fim.




                                 


Depois desse exercício, as atrizes formaram duplas para criar cenas a partir dele.


I
Atrizes: Camilla Martinez e Clarissa Franchi
Argumento: Cliente e Paciente tatuadas.Tatuam-se ainda mais. Pintam-se, riscam-se, enchem-se de sangue azul. São pedaços de carne, e escrevem no próprio corpo que é assim que é morrer. A Paciente embala as próprias pernas e vai embora. A Cliente continua tentando se livrar o sangue azul grudado em seu corpo.
Impressões: O excesso de pintura, o cuidado extremo. O sufoco por cuidar-se em vão. O sufoco da morte. Estar suja, pintada, marcada, é um problema imenso.


II
Atrizes: Heloísa Cardoso e Raquel Médici.
Argumento: A e B marcham em direção a um rolo de papel filme. B embala o rosto de A. Enquanto A limpa o próprio corpo, B dança, goza, fica louca, fica cega. A conclui: Ele TEM que morrer.
Impressões: São elas próprias que se aprisionam. B fica cega ao pegar fogo? Ninguém a vê pegar fogo, ou ela não vê que as pessoas não a vêem? A liberdade é a cegueira? A prisão de A acontece com a liberdade de sua sexualidade? A está presa para isentar-se, e não por condição imposta: É ela quem planeja, quem controla, quem dá as ordens. B concorda, C executa, A assiste. Essas figuras tem a rigidez do exército: São um batalhão de mulheres.


Após breve discussão sobre as duas cenas, percebemos uma preocupação do grupo com o que aconteceu  antes da história da peça. Compreender esta pré-trajetória é o que vai nos ajudar a dar mais concretude às ideias do texto.





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